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Sábado, 21 de Outubro de 2006

Caminho Molhado


O tempo corre entre a névoa sobranceira

Um homem deambula entre ruelas que serpenteiam

Dispersando a nitidez que antes as distinguia

Vai pisando os sulcos de chuva que se concentram
Encharcando-se no que outrora prometera

De rompante algo se intromete cruzando o seu pensamento

Permanece quieto no leito das suas circunferências de temores

Vê-se reflectido no baço espelho d’água

Apaziguando lentamente os impulsos de inexperiência que o revoltam

De candeias às avessas

Cansado de tanto trazer o passado ao presente

Caminha como se tivesse perdido o sentido da identidade e do tempo

Procura um corpo que desconhece

Um toque cheio de pequenos nadas ocultos e ininterruptos

Contorna o pequeno lago que se formou

Olha a jusante vendo a mentira que sustenta

O burgo continua repleto de promessas por cumprir

Muitos dizem habitar essa cidade

Mas mentem

Continuam vivendo nas suas terras…

Como é possível demorar-se com tão fúteis devoções?

Confrontações que provocam o tédio e diluem o afecto

As palavras ficam presas na garganta

Deixam de ser corpóreas

Apenas assinalam a decadência

O ruir dos que ignoram o tempo voraz.

O jogo de seduções acende-se a jusante

Provoca o derrame de lágrimas ardentes

Clama pelo conforto do desejo e luxúria

Traz a serenidade de quem nada quis provar

Senão o apego que lhe brota do peito

Tenta fugir de tanto peso que acumula

Aclamando o caminho de partilhas desmedidas

Dá um passo adiante

Como que se duma oferta suave e longa se tratasse

Urge sedimentar o tempo e moldar o ócio

Assimilar evasões afloradas num ligeiro alvoroço

Numa sucessão de ideias desconexas que se complementam

Refugia-se na fogueira de rebeldia que aconchega e apraz

Lança o alerta para algo de inesperado e derradeiro

Sobrepõe a voz acima do sussurro

Cantando uma ode com sonetos de nostalgia

Cria sonhos enigmáticos envoltos em rituais esotéricos

Incentivando o renascer da quimera

…e a felicidade de descobrir o quanto era infeliz

Menouv

publicado por menouv às 16:00
caminho do post | caminhar | adicionar aos meus caminhos
15 comentários:
De Solidário a 24 de Outubro de 2006 às 00:23
Grande Amigo e Camarada, muito obrigado por teres visitado o nosso canto VOZ DA LIBERDADE. OBRIGADO PELO O TEU CONVITE EM VISITAR O TEU BLOG. Já está na lista dos preferidos, ou seja (Numa mais Voz da Liberdade) Sabe bem visitar o teu blog que além de estar muito bem escrito, não tem letras nem músicas ( lamechas ) para as quais não tenho o mínimo de paciência. Publiquei os teus comentários, pela sua pertinência e por verificar nos mesmos a Alegria da tua Luta. E tal como dizes como não somos autistas só podemos ser COMUNISTAS. Um abraço de muita Amizade e volta sempre com o teu Comentário, porque é importante para muitos que nos visitam.
De deusa da lua a 24 de Outubro de 2006 às 14:10
Luís de Camões - Alma minha

Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida, descontente,
repousa lá no Céu eternamente
e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueça daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
alguma cousa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te
quão cedo de meus olhos te levou.


(Luís de Camões)
com um enorme beijo xeio de carinho da deusa da lua
De crying_angel a 25 de Outubro de 2006 às 16:46
Parabéns, muitos parabéns mesmo. Palavras sentidas, verdadeiras, reais... Gostei, gosto quando a escrita me faz parar para pensar... Hoje aconteceu. Obrigada.
De menouv a 25 de Outubro de 2006 às 22:35
vozdaliberdade: Camarada, obrigado eu pela tua visita e pelas palavras que cá deixaste. Também recebi com muito agrado o facto de teres adicionado este meu... nosso... Caminho(s) Cruzado(s) no teu... nosso... local de luta quotidiana! O teu já cá mora há muito tempo! :)
Também não aprecio aqueles blogs que se limitam a copiar letras de musicas... algumas lamechas como dizes, pois acho que é importante também dar um cunho pessoal aos mesmos, darmo-nos a conhecer um pouco... informar, desabafar, protestar, criticar!
Um grande abraço Camarada!

deusa da lua: Olá! Obrigado pela visita e pela partilha deste belo poema, embora não tenha a ver com o tema do que cá vos deixei e é da minha autoria. Volta sempre! Beijos deusa da lua!

crying_angel: Companheira, que posso dizer?!? Deixaste-me mesmo corado! He! He! Palavras sinceras? Pois claro, e eu lá sou gajo para estar aqui a enganar a malta? Este foi um dos (poucos) poemas que escrevi este ano (em Fevereiro salvo erro), mas que exprime o sentimento que por vezes me assalta o pensamento. São dias... melhores virão certamente! Gostei do teu comentário, para além de me intrigar um pouco pelo facto de te ter deixado pensativa! Porque será? Será do guaraná? He! He! Asteriiiiiiiscos!!
De Maria Papoila a 25 de Outubro de 2006 às 23:37
Olá Menouv!
Interessante comoa chuva nos leva a ambos por estes caminhos de nostalgia. Completíssimo este teu trabalho sobre as primeiras chuvas de Outono.
Beijo
De oteudoceolhar a 27 de Outubro de 2006 às 23:42
Ao ler-te ao ouvir a tua música senti vontade de correr lá para fora, dar um grito e sentir as gotas de chuva no meu corpo...Obrigada pelas tuas palavras, pela presença. Bem vindo. Bom fim de semana beijo n´oteudoceolhar **
De menouv a 29 de Outubro de 2006 às 20:48
Maria Papoila: Olá Maria! Fico contente por teres apreciado este meu poema. Confesso que não pretendia fazer uma ode às primeiras chuvas de Inverno, todavia admito que tiveram a sua quota parte no meu estado de alma naqueles momentos que me levaram a escrevinhar aquelas linhas. Beijos Papoila!

oteudoceolhar: dito assim dessa forma até me deixas sem palavras. Resta-me agradecer as palavras (elogiosas) que deixaste e esperar que aprecies futuras visitas! Fico á espera. Beijos!
De Sereia a 30 de Outubro de 2006 às 14:20
Oi!
Finalmente venho comentar esta tua escrita, tal como prometi. Tenho uma coisa a dizer-te: não andes à chuva muitas vezes!! Ficas macambuzio!! Além de que podes apanhar uma ganda gripalhada...
Pronto lá tou eu a avacalhar isto tudo, eu que prometi a mim mesma que ia fazer um comentário sério... enfim, é o que se pode arranjar...

Agora a sério, tenho de reconhecer que já li outras coisas tuas que me tocam muito mais, este acho-o demasiado melancólico e tristonho. Mas enfim, são estados de espírito.
Inclusivé já ouvi dizer que o verdadeiro poeta só o é enquanto sofre! É capaz de ser verdade... e nós conhecemos um belo exemplo disso, certo?

Para acabar este comentário como deve ser, fica aqui um poema de Fernando Pessoa que acho que espelha bem o que acabei de dizer:

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que devera sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Jinhos
De menouv a 30 de Outubro de 2006 às 21:33
Oi amiga! E tu lá precisas de prometer cá vir?!? Ai! Ai! Ai!
Olha, nem sei bem como responder/agradecer o teu comentário. De ti é sempre de esperar o melhor... a brincadeira em tom sério; a seriedade em tom de brincadeira; a brincadeira somente pela palhaçada ou somente um bolo de chocolate com recheio de chocolate! He! He!
Citaste "o verdadeiro poeta só o é enquanto sofre"... bom, se o dizem quem sou eu para dizer que não? He! He! Sim, conhecemos bem uma pessoa que dificilmente escreve algo com (muita) energia positiva. É um poeta sofredor sem duvida.
Quanto á minha pessoa e ao poema que nesta data vos deixei, bom, são mesmo estados de espirito de determinada momento da vida. Este poema é de Fevereiro e confesso que naquela altura já tinha tido (desculpa a redundancia) momentos bem melhores na vida. Mas isso são outras conversas...
Termino dizendo que "amei" (como costumam dizer) ou em bom português "curti comó caralho" o poema que deixaste do Fernando Pessoa. Não conhecia.
Uma grande beijoca para ti, amiga do caralho!
De Pedro Matias a 31 de Outubro de 2006 às 14:55
Menouv,

Esses sulcos de chuva que nos vão encharcando o pensamento, não podem de forma alguma influenciar as nossas acções, por mais inexperientes que sejam ... Todos temos que "ter passado por lá" para podermos dar mais valor a certas coisas, e temos que passar por lá para irmos "aprendendo" com os nossos erros, com os nossos gestos, com as nossas palavras, que o nervoso nos faz dizer ou fazer "naqueles" momentos ...

O facto de se ter sempre presente a percepção do passado ajuda a decidir que caminhos se deverão seguir ...
Essa identidade, por mais cansaço ao corpo e à alma, que um regresso constante ao passado nos suporta, é idónea e coerente.

É sempre necessário dar um passo em frente, mesmo que esse passo não seja para fugir de nada, antes pelo contrário, para enfrentar algo ... mesmo esse "renascer" da quimera ...

Menouv, como já por muitas ocasiões me fizeste ver :

CARPE DIEM !!!


P.S. - Este comentário está um pouco "sério de mais", por isso :

Menouv, sabes que as palavras acima são sentidas, de qualquer forma, para dar mais ênfase às mesmas (e sei que vais perceber bem) fica aqui um sábio provérbio do povo acerca das mesmas :

Faz o que eu digo, não faças o que eu faço ... muahmuahmuah



De Sereia a 31 de Outubro de 2006 às 18:25
Oi. Só para fazer um reparo: quando disse que conhecemos um bom exemplo de que um poeta só o é verdadeiramente enquanto sofre, não me estava a referir a quem tu pensaste, embora também se aplique mas numa outra perspectiva...
Estava a referir-me a alguém que deixou de escrever já há alguns anos ;-) e por mais que eu lhe dê na cabeça, ele não me liga nenhuma... entretanto já desisti de lhe dar calduços...

Agora de repente lembrei-me de outro estado de espírito em que também se sabe ser poeta: quando se está a bater couro a uma gaja!! Por experiência própria... não por que tivesse batido couro a uma gaja!! Atenção que eu não sou dessas misturas!! Apenas porque a mim bateram-me o couro assim... Enfim, bons tempos esses!!!

Jocas grandes

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